Bia Alarsa: o fascínio da medicina chinesa

Bia Alarsa tem 32 anos e é natural de São Paulo. Ela já trabalhou e viveu na Austrália e desde janeiro de 2020 mora em Xangai, na China. Em entrevista ela fala sobre abraçar as oportunidades que a vida nos dá em qualquer lugar do mundo e seu encantamento pela medicina chinesa e o desenvolvimento humano, como profissão e estilo de vida.

Bia cresceu e se desenvolveu dentro de um contexto que considera um grande privilégio e muito significativo para sua formação. Sua mãe é psicóloga e seu pai é astrônomo, físico e músico, ambos frequentam há 35 anos um grupo de meditação como filosofia de vida. 

Ela é formada na USP, em Administração, atuou por nove anos como consultora em desenvolvimento humano com foco em liderança e treinamentos comportamentais, atuando em inúmeros projetos de desenvolvimento de líderes, gestão de mudança, boas práticas e treinamentos para profissionais.

“A razão inicial de vir para a China foi um convite que meu marido recebeu para trabalhar em Xangai, como expatriado. A primeira vez que ouvi “morar na China” tomei um susto, foi uma surpresa. Mas, a partir do momento que comecei a pequisar sobre tudo o que eu poderia aproveitar dessa viagem, em todos os sentidos, inclusive profissional, fiquei muito animada. Estamos aqui há quase dois anos e provavelmente ficaremos ainda mais um tempinho.

Conhecer novas culturas, técnicas, ensinamentos de mestres, terapeutas e professores ao redor do mundo faz parte da minha jornada na busca do autodesenvolvimento. Isso alinhado ao meu propósito de me desenvolver constantemente através de tudo que eu estudo e assim trazer uma transformação positiva para a minha vida e para a vida de outras pessoas.

Eu pratico e estudo técnicas de meditação há mais de 10 anos, assim como técnicas orientais como Reiki, Ayurveda – estudo milenar indiano sobre tudo aquilo que promove a saúde física e mental. Desde que cheguei na China comecei a fazer diversos cursos relacionados à medicina chinesa. Muitas pessoas acreditam que a medicina chinesa consiste somente em acupuntura, mas vai muito além. É uma forma de pensar, um estilo de vida. Sou encantada por isso tudo.

Alguns dos cursos que eu fiz:

  • QiGong: técnica chinesa milenar que foca no cultivo de energia vital através de posturas e movimentos. Muitas pessoas conhecem o QiGong como exercícios de meditação em movimento.

  • Terapia do Alimento/Dietoterapia: curso sobre chás, ervas e alimentos de forma geral. A partir dos princípios básicos da medicina chinesa nós aprendemos a ter muito mais consciência daquilo que estamos comendo. No ocidente é muito comum pensarmos que se estamos comendo verduras, legumes, frutas, por exemplo, estamos nos alimentando de forma saudável. A medicina chinesa trás uma perspectiva muito interessante e mais individualizada. Para mim, por exemplo, comer uma lichia é algo muito saudável, mas eu preciso evitar ao máximo comer melancia, e você entende isso a partir de uma análise individual. Isso tudo baseado em um conhecimento milenar, de mais de três mil anos. Posso dizer que para mim foi um aprendizado muito enriquecedor e que mudou meu jeito de viver.

  • Meridianos: este é um conceito básico na medicina chinesa e a partir dele surgiram várias técnicas incríveis que estudei como acupuntura e acupressão, ventosaterapia (cupping), moxa, tuiná (tipo de massagem chinesa que usa os meridianos como base), guasha (tema que está super em alta no Brasil), entre outros.

Na China existe uma prova de certificação do governo chinês de medicina chinesa (para exemplificar, é como se fosse um conceito parecido com a OAB no Brasil). Eu estudei muito e fiz em julho essa prova de certificação, agora estou aqui ansiosa esperando o resultado.

Quanto mais eu estudo medicina chinesa, mais encantada eu fico e mais vejo a quantidade de coisas incríveis que eu ainda posso aprender.

As três instituições a seguir, eu recomendo e elas possuem cursos dos mais variados: desde intensivos que duram um mês até cursos mais completos que podem durar anos. Vou deixar aqui o nome das instituições para pessoas interessadas em seguir o mesmo caminho:

  • Shanghai Qigong Research Institute
  • Shanghai University of Traditional Chinese Medicine
  • Shanghai New Health College

O que eu mais gosto da medicina chinesa

O fato dela ser muito aplicável no nosso dia-a-dia é algo fascinante. Tenho muita vontade de compartilhar isso com todo mundo! Nesse momento estou criando um curso de medicina chinesa com esse foco: a prática. A partir de tudo o que estudei até aqui, estou juntando diversas dicas práticas que podem ser aplicadas no dia-a-dia. Fazemos muitas coisas “incorretas” do ponto de vista da medicina chinesa, que nem nos damos conta e muitas vezes achamos que estamos vivendo super saudáveis.

“Na medicina tradicional chinesa tudo está interligado. A cultura chinesa é cheia de simbolismos e significados, práticas. Quando você chega na China e vai em um restaurante, o garçom traz uma água quente. Quando você vai comer um peixe cru, sempre tem um gengibre ou um wasabi. Muitos chineses quando vão tomar sol, dão preferência para tomar sol nas costas. Se você faz um passeio no parque, é bem provável ver alguns chineses fazendo movimentos curiosos como bater palma, ou apertar algumas partes do corpo. Nada disso é por acaso, tudo tem a ver com a medicina tradicional chinesa. Mas, são elementos que estão tão enraizados na cultura, que muitas vezes nem os próprios chineses sabem que tem a ver com a medicina.”

Quais as cinco principais dicas para pessoas que procuram acalmar a mente?

Existem inúmeros estudos mostrando os benefícios da meditação para reduzir ansiedade e estresse, previnir a depressão, melhorar condição do sono, memória, concentração, enfim, de forma geral, aumentar a satisfação na vida.

1. Tenha expectativas realistas

O maior problema da meditação que faz as pessoas geralmente não darem continuidade, é a frustração de não conseguir. Isso acontece porque desde pequenos idealizamos que meditar é simplesmente fechar o olho e você já vai chegar em um estado de nirvana, mas isso não é verdade. E, como não atende a expectativa das pessoas, elas acabam desistindo com facilidade. Meditar é muitas vezes deixar as ideias virem e simplesmente não dar muita atenção para elas.

“Já tive inúmeros insights* incríveis enquanto estava meditando. É como se você tivesse em uma sala toda bagunçada com muita informação e aos poucos vai começando organizar. Aos poucos algumas ideias que estavam perdidas ou escondidas aparecem, até que chega um momento em que a sala já está mais organizada. Em alguns momentos a sala fica super limpa – o que chamamos de estado meditativo – pode ser que seja uma simples fração de segundo, mas isso por sí só já é maravilhoso e uma grande vitória.”

2. Comece com meditações curtas e guiadas

Considerando o que comentei acima sobre evitar frustrações durante a meditação, outra dica é começar com meditações curtas e meditações guiadas focadas em iniciantes. Exercícios muito longos podem desestimular quem está iniciando, e as meditações guiadas podem ser muito favoráveis, pois há inúmeras técnicas, práticas e exercícios interessantes que ajudam quem está iniciando a estar mais presente nas práticas e a manter o foco.

3. Crie uma rotina

Vivemos em uma sociedade que valoriza muito o lado racional e muitas vezes deixamos o lado intuitivo de lado. Quando vamos fazer uma meditação, normalmente estamos buscando esse processo mais intuitivo, e é nesse momento que precisamos usar nosso lado racional a nosso favor. Assim como temos o horário em que geralmente acordamos, o horário de fazer alguma aula especifica, é importante criamos essa rotina, nem que sejam 10 minutos por dia reservados para a meditação.

4. Faça durante 21 dias

Esta dica de praticar a meditação durante 21 dias consecutivos, está relacionada em criar um hábito. Há diversos estudos que mostram que precisamos de 21 dias para criar um hábito. Então se nesses 21 dias fazemos um esforço maior para fazer a prática de meditação, a chance de darmos continuidade à prática é muito mais elevada.

5. Conhecer mais o próprio corpo

Nesta próxima dica eu gostaria de reforçar uma outra perspectiva, que é como uma maior consciência corporal também pode impactar nossa mente. E essa dica aqui está muito relacionada com a medicina chinesa. Há alguns alimentos que estimulam a nossa mente, enquanto outros ajudam a acalmá-la. Há alguns exercícios de acupressão que visam nos deixar mais atentos, enquanto outros tendem a nos relaxar. Isso tudo faz parte de um grande processo de auto-conhecimento. Somos seres totalmente integrados, nosso corpo também impacta nas nossas emoções, que impacta a nossa mente e assim por diante.

Onde as pessoas podem encontrar os meus cursos

Eu super convido vocês, leitores, para visitarem o meu site, onde há muitas informações sobre os diferentes cursos.

O curso de meditação, por exemplo, são 21 exercícios para praticar aproximadamente 15 minutos por dia. Cada uma das 21 práticas conta com conteúdos adicionais como dicas, reflexões e estudos sobre o funcionamento da mente, visando tornar a experiência mais completa. Uma vez que o curso é online, é possível fazer as meditações onde e quando quiser. Inclusive, tem uma ferramenta que conta com um aplicativo no celular e pode ter acesso a todo o conteúdo de uma forma bem estruturada. Para sentir um gostinho, no site você pode fazer o cadastro e dar uma conferida em como é a jornada!  www.biaalarsa.com

O curso de medicina chinesa tem um foco muito na aplicação da medicina chinesa no dia-a-dia. Um dos objetivos é responder às perguntas abaixo, e a partir das respostas buscar maior conciência do nosso corpo em busca de uma vida mais saudável e equilibrada:

  • Quais são os tipos de alimentos bons para as minhas características corporais segundo à medicina chinesa?
  • Eu sou uma pessoa mais Yin ou mais Yang?
  • Quais as principais formas de observar se meu corpo está equilibrado ou não?
  • Como eu posso fazer um auto-diagnóstico do meu corpo através da observação da própria língua?
  • Quais são pontos de acupressão e técnicas da medicina chinesa que posso facilmente aplicar no meu dia-a-dia independente de em qual local do mundo eu estou?

Também ofereço atendimento individualizado e customizado, envolvendo os mais diversos meandros do ser humano e seus pontos possíveis de evolução. O processo considera o ser como um todo: corpo, mente e alma. E então diversas técnicas corporais, mentais, e técnicas mais sutis são aplicadas. Dessa forma é possível realizar um trabalho utilizando diferentes ferramentas e ensinamentos para ser o mais proveitoso possível. Alguns exemplos: técnicas corporais com práticas de medicina chinesa, técnicas mentais como antroposofia, programação neurolinguística e exercícios práticos de coaching. Além de técnicas mais sutis como exercícios intuitivos, de visualização e contos de ensinamento.”

Espero vocês por lá!

Encontre a Bia Alarsa nos links abaixo:

Site: www.biaalarsa.com
Instagram: @bia.alarsa_nachina
YouTube: BiaAlarsa

* Insight é um substantivo com origem no idioma inglês e que significa compreensão súbita de alguma coisa ou determinada situação.

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Sobre Claudia Bömmels

Claudia Bömmels é fotógrafa, contadora de histórias, viajante e editora da Brasileiros Mundo Afora. Atualmente ela mora em Nanjing na China.

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