Carlos e Anja – Amor internacional no balanço do forró!

Carlos, você mora em Berlim desde 1994. Muitos brasileiros querem voltar para o Brasil principalmente nos primeiros cinco anos fora de casa. Foi assim com você também?
Eu nunca pensei em sair  de Pernambuco e quando eu percebi já estava em Berlim. Mas sei que um dia vou voltar para minha terra. O que eu que mais gosto em Berlim é poder andar de bicicleta com mais segurança do que em Recife.

Anja, você dança desde quando? O que te fascina na cultura brasileira, na dança brasileira?
Eu descobri a dança brasileira há cerca de dez anos atrás. Anteriormente, eu tinha experimentado  muitos outros ritmos, mas quando conheci a dança e a cultura brasileira, senti que finalmente achei o que eu estava procurando. Sou fascinada pela variedade de danças, estilos musicais, etnias, dialetos e pela natureza brasileira. Particularmente Pernambuco me fascinou,  porque a cultura é vivida com intensidade e existe uma grande consciência cultural. Para uma berlinense como eu, que não se identifica com nenhuma dança ou música alemã, foi muito fácil encontrar identificação com uma cultura diferente. O Forró me entusiasmou de imediato e o Frevo nunca mais me abandonou, desde a primeira vez que vi os passistas dançando nas ruas de Recife.

Quando e em qual momento vocês decidiram abrir um estúdio de dança próprio?
Nós não pensávamos em abrir um estúdio de dança. Eu já dava aula de afro e forró no Tanzstudio Tangará em Berlim, quando surgiu a oportunidade de nós dois assumirmos  o estúdio de dança. Então, depois de alguns dias pensando sobre o assunto, vimos que seria uma boa experiência para nós. Assim surgiu o Tanzstudio Dança Frevo.

Anja e Carlos, vocês trabalham e vivem juntos. Qual a dica para casais na mesma situação, para que tanto o traballho como o relacionamento funcionem bem?
Carlos: Antes de assumirmos o estúdio de dança, trabalhamos juntos em vários projetos, como a “Locomotiva do Frevo”, e dando aulas de Forró. Trabalhar juntos sempre funcionou e continua funcionando muito bem. Mas nem sempre é fácil – somos de culturas diferentes e temos características diferentes também. Como por exemplo: eu sou um artista nato, a Anja não. Mas trabalhar juntos é uma ótima experiência e torna a nossa relação mais forte.

Anja: Na verdade não é sempre fácil, já que somos tão diferentes, mas isso  também significa que nós nos complementamos. Seus pontos fracos são os meus pontos fortes e vice-versa. Eu sempre penso sobre o pouco que nos veríamos, se estivéssemos trabalhando separadamente. O ritmo de trabalho de Carlos como um dançarino, seria muito diferente do meu ritmo de trabalho, se eu trabalhasse na minha profissão de administradora de empresas. Estou feliz por nos vermos com tanta frequência,  e quando as coisas ficam difíceis, cada um pode seguir o seu caminho dentro do próprio estúdio de dança, que é bem grande. Nós estamos aprendendo muito. É importante separar nosso trabalho conjunto do nosso relacionamento.

Carlos, um dos seus objetivos é mostrar ao mundo que Brasil não é só samba e que a nossa cultura é muito rica. Assim, você criou o grupo Locomotiva do Frevo. Fale um pouco mais sobre o frevo, sobre o grupo e seus integrantes.

Primeiro gostaria de dizer que eu amo Samba. Mas, quando cheguei em Berlim, eu percebi que os shows da cultura brasileira só tinham um objetivo: mostrar as mulatas dançando samba. O público aqui não sabia que Frevo, Forró, Maracatu não são samba.

Tudo começou quando fui trabalhar na academia Jangada de capoeira angolana,  onde eu dava aulas de samba. O mestre Rosalvo me perguntou se eu não gostaria de mostrar o Frevo, do qual eu sempre falava. Então começamos com uma aula de danças de Pernambuco e logo surgiu a ideia de divulgar esse trabalho. Assim começou o grupo Locomotiva do Frevo em 2006. Hoje sou coreógrafo, dançarino e presidente da associação. Nós temos um espetáculo que se chama A Outra Cara do Brasil, o qual já apresentamos várias vezes, e também trabalhamos com crianças e adolescentes. Há sete anos, saímos no Carnaval das Culturas aqui em Berlim, que acontece sempre no feriado de Pentecostes. Este ano vamos iniciar um novo projeto que se chama Sem palavras. É um trabalho de desenvolvimento e pesquisa da reação das pessoas em uma comunicação não verbal.

A Europa parece estar com uma “febre” de Forró com tantos festivais acontecendo. É só impressão minha ou o forró está mesmo cada vez mais conhecido nas grandes cidades?

É verdade, o forró tornou-se a mais nova febre da cultura brasileira aqui na Europa e no mundo. Mas ele vem também acompanhado de outras danças como o Coco, Frevo, Maracatu e Cabo-clinho por exemplo. O maior Festival de Forró Forró de Domingo, acontece aqui na Alemanha em Stuttgart.

Vocês organizaram o primeiro Festival de Forró de Berlim, que aconteceu em março deste ano. Como foi a aceitação do público e quais os planos para 2013?

A aceitação do público foi bem maior do que nós esperávamos. Foram três dias de muita alegria, boa música, bons professores e muitas pessoas que aqui vieram “abrilhantar” o nosso festival. A imprensa nos acolheu com muito carinho e fez com que o público de Berlim e da Europa ficasse sabendo do nosso festival e do que estava aqui sendo desenvolvido. Não só teve Forró, mas também Frevo, Samba de Gafieira, Forró percussão, Caboclinho, Coco e danças criativas paras crianças. Nesse momento nós estamos ainda curtindo as conquistas do festival. Temos muitos planos para o ano que vem, pois já sentimos saudades de todos aqueles que passaram pelo primeiro Psiu! Forró Festival.

tanzstudio-danca-frevo.de

 

 

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Sobre Claudia Bömmels

Claudia Bömmels é fotógrafa, contadora de histórias, viajante e editora da Brasileiros Mundo Afora. Atualmente ela mora em Nanjing na China.

Uma resposta para Carlos e Anja – Amor internacional no balanço do forró!

  1. parabéns meu primo Deus sempre levando vc mas longe.!!! continua firme.