Miriam Naef tem 38 anos e mora há 10 anos no exterior. No Brasil ela cursou contabilidade e depois de formada resolveu morar na Suiça, país onde ela vive com a família. Lá ela trabalha há sete anos em um hospital, fazendo parte da equipe de roomservice (serviço de quarto).
A melhor parte do meu trabalho é lidar com pessoas. O nosso setor no hospital é responsável pela a alimentação dos pacientes. Todos os dias temos que visitá-los para sabermos o que eles querem comer, de acordo com as dietas de cada um. São muitas pessoas diferentes, jovens, adultos, alguns gravemente doentes ou outros que ficam apenas por alguns dias e voltam saudáveis para casa. Também adoro saber sobre os alimentos, combinar os acompanhamentos e oferecer ao paciente sempre o melhor que temos a oferecer. Esse não é o emprego dos meus sonhos, mas sinto que contribuo de alguma forma para o bem-estar das pessoas que realmente estão em uma situação delicada, e isso é enriquecedor.
Eu tenho dois filhos, de quatro e seis anos, e por isso trabalho apenas 40% da carga horária. Os dias que eu trabalho variam de acordo com o plano mensal que determina as escalações da equipe. Pode acontecer de eu trabalhar durante 15 dias seguidos e depois ter folga. Também trabalho em dois fins de semana por mês. Como tudo, esse modelo de trabalho também tem seus pontos positivos e negativos. A maior vantagem é certamente que eu preciso me preocupar menos com a organização do cuidado das crianças, já que eles ficam com o pai nos finais de semana. Isso faz com que o relacionamento entre o meu marido e os meus filhos se intensifique, já que estou fora. Também gosto muito da flexibilidade com o plano de trabalho. Posso tirar folga quando preciso, trocar dias de trabalho com as colegas, ser substituída quando surge algo inesperado. A grande desvantagem é que sobra menos tempo para os programas em familía no final de semana, que é o tempo livre do meu marido em casa.
A minha rotina de trabalho é mais ou menos assim: pela manhã combino os cárdapios com os pacientes, sirvo chá ou outras bebidas, controlo o quarto para que a toalha de mesa, os guardanapos e tudo o mais esteja limpo. Sirvo as refeições, retiro as bandejas para mandar para cozinha e leio os e-mails com atenção. Caso haja mudanças de dietas dos pacientes, documentamos tudo no computador, para que todas as pessoas da equipe estejam sempre a par da situação.
Que conselho você daria para quem está se mudando para o exterior?
A primeira coisa a fazer é aprender a língua o mais rápido e melhor possível. Depois decidir se quer exercer a profissão antiga ou aprender uma nova. De acordo com o caso, é preciso estudar, estudar e estudar. Também recomendo que a pessoa tente se integrar, conhecer pessoas novas, pois muitos empregos você consegue por indicação, como foi no meu caso.