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Foi demitido e agora? |
Até hoje a vida sempre foi muito generosa comigo. Nesses 41 anos eu tive muitas alegrias: uma infância maravilhosa, uma adolescência com poucas turbulências, alguns amores, um grande amor, família, carreira. E vivi, como todos nós, também algumas dores, entre elas uma demissão. E é sobre este ponto que eu quero falar hoje.
Ser demitido, mesmo que motivos de força maior, é humilhante.
O meu contrato de trabalho, assim como o de outros colegas, não foi renovado por questões financeiras da empresa. Depois de meses avisando que muitos de nós iriam “pra rua”, fazendo aquele suspense insuportável, o dia “D” chegou. Eu sempre pensei que eu teria tempo, depois de ser mandada embora, de procurar um novo emprego e me acostumar com a ideia de ser desempregada novamente. Mas nada disso! Fui chamada para a conversa no útimo dia do mês e… “sinto muito, mas nós não vamos poder renovar o seu contrato”.
Eu: “Por que?”
Ele: “Estamos reduzindo os custos com o pessoal, precisamos reestruturar o quadro de funcionários”
Eu: “Ok…”
Ele: “Você pode trabalhar até o meio do mês seguinte ou nos deixar imediatamente”
Eu:”Imediantamente? Como assim?“
Ele: „Pegue suas coisas e vá para casa…“
Vocês podem imaginar a minha cara? Foi um choque! Eu peguei esse emprego, muito mal pago e bem abaixo das minhas qualificações, por querer entrar no mercado de trabalho alemão. Trabalhei bem, fiz amizades e levei muita tralha, afinal tinha ido para ficar. Um livro, uma revista, um travesseiro para as minhas costas, um apoio para os pés, um litro de água mineral, o almoço do dia. Imaginem eu juntando essa tralha toda e saindo do escritório, dizendo adeus para quem uma hora atrás ainda tomou um café comigo.
Já lá fora, a primeira sensação foi de frustração e culpa. Será que eu tive minha contribuição para ter sido demitida? Os sentimentos a seguir foram de raiva, rejeição, ansiedade e medo. E agora? Estou com 40 anos, sem emprego, sou incapaz…
A minha estratégia para sair do fundo do poço e parar de engordar (coloque uns 10 quilos a mais aí na balança) foi voltar a estudar. O estado alemão não paga seguro desemprego para quem trabalhou menos de um ano, mas ele paga cursos para você se especializar dentro da sua área!
E aqui estou eu. Fiz cursos de mídias sociais, marketing online, como fazer palestras e agora por último estou fazendo o curso para me habilitar como instrutora. Não está sendo fácil. Mas eu não sei como é aí onde você mora; aqui na Alemanha, você precisa de um diploma para tudo (quase tudo) o que você quiser fazer. Então vamos em frente…
Aqui entre nós: estudar é melhor que ficar jogada de pijama no sofá :o)
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Se reinventando… de novo! |
Para quem mora na Alemanha
Se você está nesta mesma situação, eu te aconselho a procurar a “Agentur für Arbeit” (Agência de Trabalho do Estado) que é responsável por você. Cada região ou bairro tem uma em especial para cada cidadão. Quando você for lá para fazer sua entrevista, vá com ideias e argumentos formulados do que você quer fazer. Lá eles não gostam de “coitadinhos”, esta é a dura realidade. Vá confiante, seguro de sí, mesmo que você não se sinta assim, e boa sorte!
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Coloque seu PLZ no formulário. Ele irá consultar para você qual é a sua Agentur für Arbeit. |
Deixo aqui alguns links que possam te ajudar:
ComcaveCollege – escola onde eu fiz meus cursos (existem outras) com uma lista dos cursos que existem e que podem ser financiados pela Agentur. Curso de línguas e muito mais.
Fez um curso legal? Encontrou um novo emprego? Compartilhe suas experiências conosco.
Beijos Claudia
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Olá, Claudia. Você tem alguém e-mail ou WhatsApp? Gostei da sua história e me vejo um pouco nela. Estou a pouco tempo aqui na Alemanha, mas gostaria de tirar algumas dúvidas com você, se possivel
Renata, foi uma experiência muito chata. mAs é isso aí, acho que precisamnos mesmo falar sobre esses assuntos. A vida não é feita somente de flores e alegrias :o) Obrigada pelo comentário!
Obrigada Gisa pelo depoimento. Eu também acredito em novas oportunidades, mas é dureza ;o) Beijos!
Aqui no Brasil, passei pela mesma experiência juntamente com centenas de funcionários, mas todos ficaram sabendo antecipadamente, acredite. Fiquei para apagar as luzes e sofri muito com isso. Demissão é demissão. Uma sensação de que não há espaço para as suas competências, mas quando passa a tormenta, você nem se imagina mais no mesmo lugar. As oportunidades vão surgindo. Olha você aí aproveitando várias delas. Estou torcendo aqui. Um beijo
Claudia, aqui em Portugal o índice de desemprego é ainda maior que na Alemanha. E para uma mulher, com mais de 35, com filhos e estrangeira é praticamente impossível de encontrar emprego. Sei como é estar numa empresa que está para fechar as portas e é muito melancólico, não sei o que é pior, ser dos primeiros a sair ou ficar para apagar as luzes. Muito bom você ter tocado no assunto.
Abraços,
Renata Marques
Ahhh Sandra, entendo muito!! E acompanhei sua história no FB. Espero que dê certo para você também. Sim, temos que tentar na nossa profissão, mas enquanto não dá certo acho que estudar e uma boa opção. Você tem também o esporte e isso é maravilhoso. Como te adimiro. Boa sorte pra gente. :o)
Isso aí Susy. Bjs
Como eu entendo! Igual a você, ano passado eu também peguei um trabalho temporário em uma creche com um salário simbólico. Achei que seria uma boa porta para o mercado de trabalho, já que meu foco é o trabalho com crianças. Depois de 9 meses recebi uma carta de recomendação, alguns abraços e um "se você tivesse o curso de cuidadora de crianças poderiamos tentar ficar com você". Fiquei bem frustrada, afinal é a mesma coisa que comparar que uma pessoa com curso de medicina não pode realizar o trabalho de uma enfermeira, pq são cursos diferentes, entende?!
Meu processo de reconhecimento do diploma ainda continua…mas se não fosse a esperança que meu marido tem que vai dar certo, a minha já havia acabado. Estou numa fase em que falta somente conseguir um estágio de 5 meses como psicóloga, depois disso consigo reconhecer meu diploma e posso atuar como psicóloga aqui, porém, já tenho meses tentando conseguir esse estágio, mais de 30 CV enviados…e nada! É frustrante? Sim, muito…mas sei que não posso perder a fé que uma hora isso vai dar certo, mas começo a considerar a possibilidade de fazer outro curso agora no inverno, um curso que me ajude a conseguir um trabalho… mas é isso ai amiga! Ainda tem gente que acha que vida de brasileira no estrangeiro é fácil! Beijos
E assim é que é,seguir em frente, n é mesmo Claudia??Bjks