Paternidade ativa na Alemanha

O tema da vez na blogagem coletiva do Mães Internacionais é “Paternidade Ativa”.

Aqui na Alemanha esse é um tema muito atual e muito discutido tanto na mídia como nas firmas, pois a licença-paternidade apesar de por lei ser um direto, é ainda exótica, mas é também um direito cada vez mais exigido pelos pais ativos.

Entre as minhas amigas daqui, esse é um tema muito presente também, mas não por questões jurídicas, mas  por questões da vida real, que acontece todos os dias. As alemãs são muito diretas e muito abertas, assim conheço histórias de pais de todos os tipos: os companheiros, os semi-companheiros e aqueles com quem as mulheres se sentem como mães solteiras mesmo estando casadas.

Não faz muito tempo que eu li um livro que saiu aqui que se chama “O bicho-preguiça na minha cama” e abordava justamente esse último caso do espécime masculino. Falava sobre aqueles que trabalham mais para não ter que ir pra casa e sobre aqueles que dizem não saber trocar nem uma fralda. Achar não só o grande amor, mas também um bom pai para os futuros filhos exige muita sabedoria e depende também um pouquinho de “loteria”, dizem as autoras em uma entrevista para um jornal. É impossível se ver realmente antes dos filhos virem como ele será. Alguns homens são até atenciosos com os filhos alheios, mas quando os deles choram, eles desaparem. Então nem isso é um indicativo de que a loteria está ganha.

De moro geral eu acho que homens aqui na Alemanha mudaram porque viram como é gostoso cuidar dos filhos, participar da educação e como é incomparável receber tanto carinho de volta. Mas na minha opinião, eles mudaram principalmente porque as mulheres mudaram. A maioria das alemãs que eu conheço, não se contentaram em “jogar na loto” e esperar o milhão chegar. Se elas não se casaram com um “bom exemplar”, elas re-educam eles (se não funcionar, se separam) e acham anormal ter um parceiro que não as ajudem no dia-a-dia com os filhos ou não fiquem com eles para que elas possam se realizar seja lá no que for.

Todas as mulheres com criancas pequenas com quem eu me relaciono aqui trabalham, andam lindas (ou no mínimo arrumadas), vão ao cinema com as amigas, frequentam academia, estudam, viajam sozinhas ou acompanhadas. Os maridos ajudam sempre. Uns reclamando mais, outros reclamando menos, mas ajudam. Ajudam, porque essa geração de homens parece ter entendido que proporcionando à mulher esses pequenos e grandes prazeres, ele terá em casa uma companheira melhor e que provavelmente será uma melhor mãe também.

Na minha opinião “bicho-preguiça” de natureza eles todos são (desculpem meninos), de um empurrãozinho eles todos precisam, mas precisam também ter a chance de ser um pai ativo. É verdade que os homens tem que querer conquistar esse espaço, mas nós “bicho-mãe” precisamos dar esse espaço também. Não está escrito em lugar algum que tudo tem que ser feito ao nosso modo. Às vezes é preciso desenvolver a arte de fechar os olhos e confiar um pouquinho mais. Eles agradecem.
O meu bicho-preguiça em particular é bem criado e domesticado. De vez em quando precisa como todos desse espécime, de um empurrãozinho, de uma mandadinha. Mas se assim não fosse eu já teria ficado louca em um país onde não tenho mãe por perto para me quebrar um galho, nem tia, nem irmã, nem prima e muito menos uma secretária ou assistente de ouro. Tudo só funciona porque eu sou igual a esses produtos 3 em 1, só que 1000 em uma, assim como todas vocês.
Aqui estreou o novo filme com o Rodrigo Santoro e a Jennifer Lopez: “O que esperar quando se está esperando” que mostra um pouquinho o que é ser um pai ativo nos dias de hoje. Vai render no mínimo umas boas risadas. Provavelmente é um filme besta, mas de qualquer forma se passar por aí não perca. O dia-a-dia às vezes precisa de mais leveza.

Leve o seu “bicho-preguiça” junto ou deixe ele em casa com os pimpolhos e vá assistir com as amigas. Não tem amigas ainda? Então seja tão corajosa quanto às alemãs e vá sozinha. Ele segura as pontas e você vai voltar novinha em folha e feliz da vida de ter visto o gato do Rodrigão. Só não vale reclamar do que ele não fez, do que ele fez de errado ou do que ele fez diferente de você.

Feche os olhos, respire fundo e vá dormir… porque amanhã… amanhã minha amiga, a batalha recomeça. Afinal seu nome é “bicho-mãe” e não “bicho-preguiça”.



Beijos
Claudia

Aqui o trailer:

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Sobre Claudia Bömmels

Claudia Bömmels é fotógrafa, contadora de histórias, viajante e editora da Brasileiros Mundo Afora. Atualmente ela mora em Nanjing na China.

3 respostas para Paternidade ativa na Alemanha

  1. Erzenholz diz:

    Tb acho que os homens precisam de empurroes e chance de tb fazer as coisas ao modo deles, a dica realmente é fechar o olho e abrir caminho pra eles fazerem ao modo deles. Quero ver esse filme tb! adorei o Post Claudia, e eu sei que seus filhos tem quase duas maes, de tao bom e presente que eh o pai ;o)

  2. Neda diz:

    Claudia, muito bom o post!
    Apesar do que algumas mulheres falam, assim como você, penso que a maioria precisa de um empurrãozinho para começar a funcionar.
    BJS

  3. Ahaha, adorei seu post, Claudia. E a definição de bicho-preguiça.
    Menina, sempre fui muito ao cinema sozinha, adoro! Quando este filme estrear aqui, vou sozinha, só para dar risada (e ver o gato do Santoro).
    Beijos