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Pacelli, Nicole e eu, Claudia Bömmels |
Hoje quero apresentar o ‘blog amigo’ Agenda Berlim, escrito por Nicole Plauto (26) e Pacelli Luckwu (25). No Brasil Nicole era estudante de economia e também consultora associada na área econômica e estratégica. Pacelli era também estudante de economia e parte do grupo de pesquisa econômica da UFPE.
Eu tive o prazer de conhecer ambos este ano em Barcelona durante o Primeiro Encontro Europeu de Blogueiros Brasileiros. Os dois vivem em Berlim na Alemanha desde 2011, onde estudam economia e trabalham como guias turísticos. A seguir falam sobre seu blog, Berlim e como é estudar e trabalhar na Alemanha.
Brasileiros Mundo Afora (BMA): Há quanto tempo vocês moram no exterior?
Nicole: Há três anos em Berlim (desde 2011), mas morei um ano (entre 2009 e 2010) na pequena cidade de Buxtehude, também na Alemanha, como intercambista (AuPair).
Pacelli: Há três anos em Berlim (desde 2011), mas morei um ano (entre 2009 e 2010) em Tübingen, Alemanha, como intercambista na universidade.
BMA: Por que vocês decidiram morar fora do Brasil?
Nicole: Inicialmente vim fazer um intercâmbio como AuPair a fim de conhecer a cultura alemã e melhorar meus básicos conhecimentos da língua. Morei com uma família alemã que me mostrou que é possível viver com qualidade sem precisar perder a liberdade. Gostei do ritmo, da vida, das pessoas, do clima (acredite se quiser) e principalmente da possibilidade de viver com calma. Não estou dizendo que não é possível viver com calma no Brasil, mas é que a minha realidade em Recife era completamente corrida: muito trabalho, muito esforço, trânsito, estresse, medo recorrente de assaltos ou de qualquer tipo de violência… e quando tive o sabático ano de intercâmbio vi uma realidade completamente diferente à qual me adaptei facilmente.
Pacelli: No meu caso eu fui criado para morar fora. Desde criança eu ouvia e sentia que meus pais gostariam de ter tido a oportunidade de sair do país. Ainda pequeno viajei com eles para os EUA e eles fizeram questão de me levar numa cidade universitária onde um amigo estava estudando. Lá eu vi aquele monte de estudantes e professores de bicicleta estudando em parques e falando com pessoas do mundo todo. Infelizmente não deu para fazer minha primeira graduação fora do país, só o intercâmbio em Tübingen, e aí experimentei daquela imagem que tinha na cabeça desde a infância. Diferentemente de outras expectativas infantis, no sentido mais literal do termo, essa foi não só correspondida, mas superada.
BMA: Uma pergunta que muito interessa outros brasileiros que querem mudar de país: Como foi ingressar no mercado de trabalho? Como foi possível estudar na Alemanha?
Nicole e Pacelli: Depois do intercâmbio resolvemos que queríamos continuar na Alemanha. A nossa ideia inicial era voltar ao Brasil, terminar a nossa faculdade (faltava menos de 2 anos) e vir para Alemanha para um mestrado. Iríamos utilizar o mestrado como porta de entrada mesmo. Mas conversando com a hostfamily e com outros amigos alemães, percebemos que talvez fosse mais vantajoso ter uma graduação aqui. Assim ganharíamos alguns direitos na questão do visto (o governo alemão facilita algumas regras para aqueles que tem graduação em universidade alemã) e também teríamos mais contato com o idioma alemão, já que os mestrados na nossa área são basicamente em inglês. Foi então quando resolvemos que tentaríamos uma vaga nas universidades em Berlim (nossa cidade preferida!) para a graduação mesmo. Infelizmente decidimos isso meio tarde e perdemos os prazos de envio de currículo; isso nos fez ter que voltar ao Brasil por um ano e esperar o tempo certo para nos candidatar às universidades berlinenses.
Foi o que aconteceu. Em 2011 enviamos toda a documentação à Universidade Humboldt e fomos aceitos! Oba! Nós, que já estávamos há mais de 3 anos cursando Economia na UFPE, iríamos agora recomeçar na Universidade Humboldt. Para estudar aqui foi necessário ter no mínimo dois anos de estudo universitário na mesma área, tradução dos currículos escolar e universitário, nível avançado de alemão (comprovado por testes como o Test DaF ou DSH) e muitos comprovantes de estágio, trabalho, pesquisa e carta de recomendação. Não foi difícil, mas tem que prestar atenção nas letras miúdas. No próximo ano terminamos o curso de Economia (Volkswirtschaftslehre) aqui.
BMA: Porque decidiram fazer um blog e trabalhar como guias turísticos?
Nicole: Aqui na Alemanha, enquanto estudante, não é possível trabalhar de fato na nossa área. No Brasil tínhamos experiência com consultoria júnior e também, no meu caso, como consultora associada (dona de uma pequena consultoria com outros três sócios). Lá, atendi projetos do governo do estado de Pernambuco e também microempresas. Aqui na Alemanha eu não tinha experiência nessa área e também percebi que não era tão comum trabalhar com consultoria sendo tão nova.
O mercado aqui é mais estável e os projetos também são mais bem planejados desde o início, a ponto de não ter muito nicho para uma consultoria pequena atuar – pelo menos foi assim que julgamos no início. O que me restava era procurar um estágio, mas eu nunca gostei da ideia do estágio e sempre ouvi amigos reclamando dos trabalhos repetitivos ou desestimulantes. Sei que é importante para quem pretende posteriormente entrar no mercado de trabalho, mas eu sempre tive uma veia empreendedora e então resolvi que se não iria abrir a minha consultoria econômica agora, iria empreender em outra área. Logo que nos mudamos para Berlim recebemos a visita dos pais de Pacelli – e foi aí que percebemos um nicho até então não explorado: o turismo para brasileiros aqui em Berlim. Começamos ainda em 2011 lançando o blog que tinha por objetivo apresentar a cidade aos brasileiros e alguns meses depois também lançamos os nossos serviços de guia turístico personalizado para brasileiros em Berlim.
BMA: Vocês precisaram estudar para atuar na nova profissão?
Nicole e Pacelli: Sim, foi preciso estudar bastante. Apesar de já termos estudado muito sobre a história alemã no nosso ano de intercâmbio, com cursos sobre cultura e costumes alemães e também um panorama de toda a história alemã, era preciso focar na história da cidade de Berlim e de seus pontos turísticos. Fizemos cursos na própria Universidade Humboldt de história alemã focada em Berlim, compramos muitos livros, visitamos inúmeros museus e, depois de muita pesquisa, lançamos nossos primeiros roteiros de elaboração própria. Mesmo com a base que hoje conquistamos, após cada demanda recebida nós continuamos a estudar, principalmente porque o nosso serviço é personalizado. Muitas vezes o viajante quer conhecer locais não tradicionais, algo relacionado a uma personalidade que o cliente admira ou que tenha a ver com a sua profissão; o que quer que seja do desejo do viajante ou o que julgamos combinar com o seu perfil nós inserimos no roteiro. Para isso é necessário estudo e atualização constante. O que para nós é maravilhoso, já que sempre tivemos muito interesse em História, Política, Economia e Cultura geral.
BMA: O que dá mais prazer nessa nova atuação?
Nicole e Pacelli: Principalmente o contato com os nossos viajantes. É maravilhoso trabalhar conhecendo pessoas novas e compartilhar dos seus momentos de viagem. Além do mais, adoramos ter a oportunidade de repassar o conhecimento que adquirimos e a nossa paixão pela cidade. É uma troca muito prazerosa, sempre levamos novos conhecimentos de volta para casa e na maioria das vezes também novas amizades. Sem falar da maravilha que é trabalhar passeando por Berlim né!
BMA: Como é sua rotina de trabalho?
Nicole e Pacelli: Não temos muita rotina. Como estudamos e trabalhamos, a vida é bem corrida. Normalmente temos aulas durante o dia, mas os horários não são os mesmo todos os dias. Faltamos bastante também, já que a presença quase nunca é obrigatória (estudamos em casa nos horários livres). Dedicamos cerca de duas horas por dia para o blog e as redes sociais, bem como os e-mails. Adicionam-se a isso os passeios que normalmente variam entre quatro e oito horas por dia (mas não necessariamente todos os dias). Prezamos por um dia livre de passeios a cada três dias passeando, mas não fazemos distinção entre dias de semana e fins de semana.
BMA: Que conselho daria para quem está mudando agora para o exterior e gostaria de trocar de profissão?
Nicole e Pacelli: Planeje-se! É importante que o primeiro passo seja dado com um mínimo de segurança para que as coisas fluam bem. Não tenha medo de mudar de país e de profissão, não se apegue desnecessariamente. Profissão é aquilo no que você atua e não necessariamente o que tem escrito em seu diploma; nenhum conhecimento é perdido e ninguém é velho demais para recomeçar. Se você pudesse fazer tudo de novo, o que você faria de diferente? E por que não faz agora?
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Estamos aguardando ansiosamente, Cris!! E o seu livro embarca amanhã rumo à Barcelona! Beijinhoss :*
Aah Pedro, que doce 🙂 Vem aqui em Berlim de novo que prometemos fazer você enjoar do nosso sotaque! rss
Beijoss
Que legal, gente, adorei a entrevista vocês! Lendo eu "escutava" a voz dos dois e o sotaque gostoso. Ótima iniciativa, Cláudia!
Muito bem meninos. Adorei a entrevista. Parabéns. Quero muito fazer meu tour personalizado com vcs. Me aguardem!
Obrigada, Nilcilene. É sim sempre tempo de mudar, com muito esforço a gente avança 😀 Abraços!
Obrigada pela linda entrevista e apresentação, Claudia! Foi um prazer enorme conhecer você pessoalmente! Beijoss
Muito interessante a historia dos dois, Claudia. Pode-se sentir que com esforco e oportunidade a gente consegue fazer um sonho virar realidade. E, muito importante, sempre eh tempo de mudar ou recomecar.