Já imaginou mandar sua filha de 4 anos para escolinha sozinha? – Texto e Fotos: Marisa Pedro Pfeiffer |
Ser mãe brasileira no exterior é muitas vezes um desafio. Depois que a minha filha Yasmin começou a frequentar o jardim de infância aqui na Suíça alemã, onde moro com a minha família, o desafio tem sido maior. Existem diferenças culturais com as quais não consigo me habituar.
O jardim de infância é obrigatório a partir dos quatro anos de idade, público e gratuito. As aulas são pela manhã entre 8h e 11h40 e de segunda a sexta, existindo a opção de deixar um dia livre para a criança ficar em casa. Minha filha está adorando essa nova fase e gostaria de ir para a aula até mesmo no final de semana. Eu é que estou tendo uma certa dificuldade em colocar em prática alguns costumes suíços. Por exemplo, deixar que a criança vá sozinha para o jardim de infância.
Aqui muitas coisas funcionam sem complicações. Antes do início do ano, os pais recebem pelo correio o formulário de matrícula, algumas informações e uma data na qual eles podem ir conhecer os professores pessoalmente. Simples e eficiente. A única coisa que realmente me deixou preocupada foi justamente o fato de que a criança deve ir sozinha de casa para o jardim de infância e deve fazer o percurso de volta igualmente sem acompanhante. A primeira coisa que eu pensei foi: “Mas minha filha tem somente quatro anos!”
Atravessar quatro vezes… |
Não me considero uma mãe superprotetora, já os suíços dizem que eu sou. Será? Da minha casa até a escolinha, são dez minutos a pé e é preciso atravessar ruas quatro vezes. A rua onde fica o jardim de infância, embora seja sem saída e nela só seja permitido o movimento de carros dos moradores, não tem calçada. Além do mais, o mundo está cheio de pessoas mal intencionadas. Nos escuros invernos daqui, as crianças saem de casa quando ainda nem amanheceu direito. É aí que eu vejo uma das grandes
diferenças culturais entre o Brasil e a Suíça em relação à criação dos filhos. Os suíços educam seus filhos para que se tornem independentes muito mais cedo do que nós, brasileiros. Não é fácil, para mim, aceitar que minha filha de quatro anos vá sozinha no escuro para a aula.
Sofri muito antes das aulas começarem. Pensando em todos esses argumentos, resolvi comunicar à professora que a Yasmin não iria sozinha. Ela conversou comigo e foi muito compreensiva, simpática e me tranquilizou dizendo que, no primeiro mês, não haveria problema algum em acompanhar minha filha. Na verdade, ela não entendeu que eu estava me referindo aos próximos dez anos! Mesmo assim, saí de lá mais confiante de que é a mãe que decide quando a criança deve ir sozinha, e não o sistema. Mas veja só a minha surpresa: agora a Yasmin começou a dizer que não quer mais que eu a acompanhe e que já conhece o caminho.
Três meses se passaram desde a conversa com a professora, e eu continuo acompanhando a minha menina até o jardim de infância. Ainda vejo uma meia dúzia de mães que levam e buscam seus filhos diariamente. É bom saber que não estou sozinha nesse conflito. Se um dia você vier aqui à Suíça e vir alguma mãe levar o filho até a porta da escola e ainda esperar até ele entrar, não tenha dúvida: ou sou eu, ou é outra estrangeira.
Marisa Cristina Pedro Pfeiffer é natural de São Paulo, tem 45 anos e mora com a família na Suíça desde 2008. Marisa é webdesigner, fotógrafa e Diretora de Publicidade da Brasileiros Mundo Afora.
Sua filha quer ir sozinha pois já esta sendo discriminada por você agir de maneira diferente que os demais pais de todo o país!!!!!!
É muito ruim para a educação de sua filha que você a acompanhe… dessa forma ela vai ser enormemente prejudicada em relação as demais! Você não pode jamais prejudicar sua filha por achar que ainda vive no Brasil hein?!
Absurdo! falta de Amor e respeita pelas criancas. Educar sim abandonar NAO
Jacqueline é muito complicado mesmo, por isso prefiro seguir meu coração de mãe. Muito obrigada por comentar, grande abraço
Obrigada por comentar Kinderia Swiss, abraços
Leonarda, prefiro ser assim protetora, a Suíça comparada ao Brasil realmente é muito mais segura, as pessoas respeitam as regras, mas nas grandes cidades já não é mais a mesma segurança que antes, aqui existem muitos asilados. Obrigada por comentar abraços
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Tati penso como você, por mais seguro que possa ser é difícil ter essa tranquilidade e deixar uma criança tão pequena andar sozinha, obrigada por comentar abraços
Kelly devemos respeitar a cultura do país que moramos, mas quando se trata de nossos filhos devemos seguir nosso instinto materno, obrigada por comentar, abraços
Obrigada!
Oi Marisa. Entendo seu conflito cultural mas a estatîstica aqui tb na Suîça alemã mostra que a violência na sua maioria acontece em casa e nunca no caminho da escola. Caso a criança expresse alguma insegurança por algo ocorrido no caminho da escola ou creche, imediatamente a escola reage e aciona a polìcia, que age rapidamente. Se informe e busque refletir seus prõprios medos e inseguranças que não fazem parte, a meu ver, pleo que vc mesmo retrata, com a experência e vida de Yasmim. O caminho da escola e sua relação faz parte da cultura aqui e de gde importante para o desenvolvimento infantil. Se informe sempre, força e boa sorte.
Sou protetora como vc….acho q nao faz mal ser assim…moro em Atlanta….e levo minha filha ao onibus escolar todos os dias ….ela tem 7… mas realmente a cultura e a segurança de outros paises sao bem diferentes do Brasil !
Quando eu fui à Suíça, encontrei quatro crianças pequenas caminhando sozinhas na volta da escola. Estavam montanha acima juntas, com um colete refletor de farol no corpo. Acompanhadas por uma criança mais velha, de uns 9 anos, que fazia o caminho junto. Foi incrivel ver essa diferença e como eles se portavam também.
é algo que também nao consigo compreender e acho que nunca compreenderei… uma coisa digo a minha tb nao fará um trajeto de 10 minutos sozinha. Claro que o País assim como Alemanha nos dá essa "tranquilidade por causa da segurança" Mas advinhar quem são as pessoas mal intencionadas que esbarram diariamente por nós nao há segurança que nos deixe seguro.
A minha só tem 3 anos e meio e já esta no Kindergarten aqui na Alemanha e assim mesmo o kindergarten são uns 100 metros da nossa casa, levo e busco.
"Quem vê cara, nao vê coração". E o coração é terra onde ninguém pisa… infelizmente o mundo é assim. Levarei a minha filha e buscarei até quando for possível. O bom é que o marido alemão concorda tb.
Se para nós adultos estamos sujeitos a qualquer coisa mesmo tomando todas as precauções, imagina nossos filhos tao pequenos e indefesos ainda.
Eu também me deparei com este conflito na Austria , tenho uma neta bailarina que estuda em Vienna , e fiquei bem preocupada quando soube que a partir do segundo semestre ela terá que ir sozinha do internato para o konservatorium de ballet , e olha que ela tem 11 anos …é difícil mesmo acreditarmos na diferença em segurança …..
Obrigada por compartilhar essa situacao. Moro na Irlanda e meu filho ainda tem 3 anos. Fiquei pensando…..eu tb deixaria ele na porta do jardim de infancia.
Lololol parece que me estou a ver , foi assim mesmo…..acompanhei a minha filha ate a primeira classe , ja ela tinha 7 aninhos. Apesar de todas as cartas que recebi e todos os termines que fui , continuei a fazelo. O mundo esta muito perigoso, ha coisas que nao se devem facilitar. Mesmo quando ela dizia que ja era grande (com 5 aninhoos lolol ) ela ia a frente com as colegas e eu uns metros atras. Voce como mae è excelente 🙂 🙂 compreendo a perfeitamente 😉