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Casamento intercultural Brasil & Alemanha – por Raquel Magalhães Carvalho |
Raquel Magalhães Carvalho é farmacêutica, curiosa, viajante, blogueira, vlogueira e mulher que luta por direitos iguais no mundo dos negócios e na vida cotidiana. Ela casou-se em 2014 com Thomas e ambos vivem na Alemanha, por enquanto… Raquel não abre mão da igualdade no casamento e isso inclui ele aprender o português e não descartar a possibilidade de morarem no Brasil um dia. A seguir Raquel fala um pouco sobre o (seu) casamento internacional.
“Depois de um relacionamento de dois anos, casei-me este ano com um homem alemão que me ama como eu sou e que respeita o que quero para minha vida. Esse homem me motiva todos os dias a crescer e a seguir o meu sonho de começar a minha carreira na Alemanha. Um homem que não impõe sua cultura sobre a minha e que se dedica toda semana, desde que nos conhecemos, a aprender português, a entender minha cultura. Eu sou curiosa, busco meu desenvolvimento, e ele sempre entendeu que meu objetivo como imigrante é o aprendizado e a independência.
‘Se eu aprendi alemão, você aprende português. Se eu estou a morar temporariamente na sua terra, eu também quero viver com você, por um tempo, na minha. Você também tem que conhecer a minha família, a minha cultura’. Essa foi nossa primeira conversa para, então, iniciarmos o namoro e oficialmente eu me dar ao luxo de acreditar em um amor eterno. Essas eram as minhas condições para me deixar amá-lo, pois há alguns anos tinha proposto a mim mesma namorar apenas quando eu tivesse certeza de que eu não veria o fim do relacionamento. Por que começar já tendo certeza de que não dará certo e de que um dia certamente chegará ao fim? Não invisto no que não acredito!
Todo desentendimento que temos é resolvido na base do pare, respire, pense, vamos conversar. Geralmente é devido à criação de cada um em uma diferente cultura, nunca por alguma falta de caráter ou desinteresse. Acredito que esse é o desafio de todo casal multicultural. Mas, com o convívio, nós aprendemos que essas diferenças não nos desafiam, e sim nos fortalecem, pois a visão do outro passa a ser sempre considerada em cada caso.
Aprendi a tomar chá, a mãe dele é inglesa. Ele aprendeu a comer e a cozinhar arroz. Eu aprendi a tomar banho usando sabonete líquido. Ele tentou usar sabonete em barra no Brasil, sem reclamar. Ele e eu somos curiosos e tentamos ser pacientes, apesar das frases: ‘de novo batata?’, ‘de novo arroz?’. É obvio quem disse cada frase. Ele não consegue dobrar uma camisa que se preze de uma maneira que não pareça estar simplesmente a amarrotando. Eu não consigo guardar a minha roupa no armário depois da lavagem e secagem, invariavelmente ela fica pendurada no varal. Um ajuda o outro nas fraquezas. ‘Você está de castigo no quarto até guardar essa roupa no armário’.‘Você está de castigo no quarto até arrumar essas roupas mal dobradas do seu armário’. Pronto! Tudo é conversado, e ninguém aqui tem a obrigação de alimentar e banhar o outro. Somos dois adultos dividindo o mesmo espaço. As coisas são simplesmente feitas por prazer ou divididas democraticamente, porque uma coisa eu aprendi: viver sozinha em casa é muito bom, mas viver a dois (dessa forma) é mais fácil.
Acredito que o casal deve olhar-se na mesma altura, apoiar-se e motivar-se constantemente. Casamento para mim é isto: é amor, companheirismo e amizade. Juntos somos mais fortes.”
Acompanhe o trabalho de Raquel nas redes sociais:
E mais uma revista online! Belíssima edição sobre Brasileiros em Malta e muito mais. Imperdível e gratuita: Brasileiros em Malta
Que lindo parabéns!